31.12.17

S. Silvestre de Lisboa - 2017

Chegado aos Restauradores, e verificando a quantidade de atletas que já lá estavam, era quase impossível ver rostos conhecidos assim de um momento para o outro. Teria que os ir procurando conforme ia caminhando para o meu local de partida.

Mas não teria que procurar muito pois à saída do Metro encontrei o Paulo Paredes, um amigo com quem já fiz várias provas e que há muito não o via. Desejados o Bom Ano, seguiu-se a minha "afilhada" Andreia Oliveira que desta vez (ao contrário do ano passado que partimos juntos), não participou na prova. Ao José Marques também os desejos de Bom Ano e lá se foi colocar no seu bloco de partida. A Isabel Almeida também lá estava.

Já dentro do meu perímetro de corrida, vejo o grande amigo Fernando Andrade e logo a seguir a Dina Mota, o José Pereira e a Mafalda da Lebres do Sado.

Dada a partida por "vagas", lá fomos correndo pela linda cidade de Lisboa, toda ela iluminada com enfeites de Natal (a Avª da Liberdade estava espantosa).

O Andrade muito rápido para o meu andamento lá se foi embora. Durante alguns km ainda aguentei a pedalada da Dina e da Mafalda, mas os meus treinos têm sido poucos e aos poucos foram-se distanciando. Passo pelos companheiros do Mundo da Corrida, António e Esmeralda, mas apercebi-me que não podia continuar naquele andamento, ainda havia a Avª da Liberdade para subir. Os meus treinos não tinham ultrapassado os 5 km e mesmo assim com paragens pelo meio, fruto da situação anómala que em 2017 tenho vivido.

Na subida, juntam-se a mim o António e a Esmeralda. Lá a fui fazendo penosamente, sempre com o apoio do António. A faltar uns 100 metros para o Marquês começo a andar. Mas pouco. Depois de contornar é só descer e aí veio ao de cima o que sempre fui, mau a subir e rápido a descer.

Com o incentivo do António lá fui pela Liberdade abaixo em liberdade plena de força e querer. No final vi a Henriqueta Solipa e a Ana Monteiro, no seu grupo de Tartarugas e...

... Assim finalizei este ano de corridas. Fiz poucas, muito poucas, espero que no próximo ano, haja uma boa viragem e volte a correr mais vezes e sentir a adrenalina que esta vida de corridas nos dá.

BOM ANO 2018

16.10.17

Maratona de Lisboa - um ano depois

A crónica que faltava.

Fim do último intervalo. O espetador já não se senta, ele é o próprio autor, realizador e intérprete do filme. Já não havia volta a dar. Depois dos incêndios e do esmorecimento sentido nos últimos tempos, teria que ir atrás do sonho, do que se propusera fazer muitos meses antes. Já não teria a companhia de quem disse que o faria, mas nada que à última hora o fizesse desistir. Embora mal preparado devido aos últimos acontecimentos, iria na mesma.

Levanta-se cedo. Olha através da janela, noite escura como breu. Pequeno almoço ligeiro como sempre fizera, vestido para a ação, teria que ir até ao local onde um outro transporte o aguardaria para o local de partida.

Vai por caminhos por si conhecidos, vira à direita e ali não há onde colocar o carro. Segue em frente e depara com a via em obras. Ao longe um sinal azul com seta diz-lhe que pode avançar. Não o deveria ter feito. A rua completamente destruída, com terra e pedras por tudo o que era sítio, obriga-o a ir para o local menos provável, a linha do elétrico.

Tão cedo ainda e o que ele vê? O elétrico. Ficou frente a frente com o dono da via onde estava. Nada mais podia fazer que desviar-se e foi o que fez. Foi para o barranco existente entre a linha e as obras. Com tanto azar que um dos pneus bate numa caixa de esgotos isolada porque tudo em seu redor tinha desaparecido.

Pneu furado. Mas tinha que chegar ao Cais-do-Sodré. Mete-se outra vez na linha e com o pneu em baixo chega ao local.

Com o coração nas mãos pois além do pneu podia ter havido outros estragos, apanha o comboio até Cascais.

Ali encontra amigos e a partida dá-se, tinha começado a sua última maratona. Com duas companheiras de equipa palmilha os km. Aqui e ali, o apoio de gente conhecia. Paragens porque uma das que ia era a sua 1ª maratona e não estava a aguentar, tendo tido uma pequena assistência médica, mas lá continuamos.

Quando passa no Cais-do-Sodré uma dúvida assalta-o, como estaria o carro?! Pensa ali desistir mas tinha uma missão a cumprir. Para além de ser a última maratona tinha dedicado a mesma a alguém. Tinha que a acabar.

Muitas dificuldades passou nos kms finais. Mas com o apoio das companheiras acabou.

Agora teria que ir até ao local onde estava o carro. Dorido, cansado e sem ninguém ali que lá o levasse foi de metro.

Chegado, mais nada havia senão um pneu furado que tinha comprado um mês antes.

Procura o "macaco", e o pneu suplente nunca utilizados. O "macaco" não funcionava e o pneu... vazio.

E mais uma aventura ali passou.... que para o caso não interessa pois fez a última maratona e estava só e a pessoa que lá do alto lhe sorria, agradecendo o tributo feito.

foto Margarida Henriques: com as companheiras na prova.